Exames
Prostatectomia: quando a cirurgia de próstata é realmente necessária?
Dr. Cristovam Scapulatempo Neto
18 de junho de 2021
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O câncer de próstata é um perigo iminente — com o qual, infelizmente, o homem brasileiro não se importa como deveria. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que, no Brasil, este é o segundo tipo de câncer com a maior incidência no público masculino, atrás apenas do de pele não melanoma. O órgão ainda apontou para o surgimento de 65.840 novos casos em 2020, além de registrar 15.983 mortes pela doença em 2019.
Para evitar o agravamento da doença, existe a prostatectomia, responsável por salvar milhares de vidas em poucas horas. Com o avanço da Medicina e da genômica, essa cirurgia se aprimorou e, agora, há variações em sua execução.
Entenda um pouco mais sobre o que é prostatectomia e como o procedimento funciona.
O que é prostatectomia?
É o procedimento cirúrgico de retirada da próstata. Ela é indicada quando o paciente sofre de câncer na glândula.
Câncer e próstata
A próstata é uma glândula do sistema genital masculino, localizada entre a pélvis e a bexiga, logo acima do reto. Sua função é produzir o fluido que protege e nutre os espermatozoides, além de tornar o sêmen mais líquido.
Apesar de pequena, seu tamanho varia com a idade: quando o indivíduo é jovem, ela equivale a um noz; depois de mais velho, essa proporção aumenta significativamente. Por isso, envelhecer é um fator de risco para o surgimento do câncer.
Infelizmente, o câncer de próstata não traz sintomas na fase inicial. Por isso, é muito importante fazer o exame anualmente, a partir dos 50 anos. Nessa época, a próstata começa a crescer e, com isso, pode demonstrar alguns sintomas que se confundem com os de câncer em desenvolvimento, como:
- Sensação de não ter esvaziado a bexiga totalmente;
- Dificuldade para iniciar o jato de urina;
- Frequência maior da micção noturna;
- Incapacidade de urinar;
- Infecções urinárias;
- Urina prolongada.
Na maioria dos casos, eles não são indicativos de câncer de próstata, mas é importante que sejam investigados por um médico.
Já os sintomas comuns no câncer em estágio avançado, mas não relacionados ao crescimento da próstata, são:
- Perda de apetite e de peso;
- Obstrução urinária;
- Insuficiência renal;
- Dores nos ossos;
- Sangue na urina.
Esses últimos sinais, no entanto, também são comuns em doenças benignas, como hiperplasia benigna da próstata (aumento organizado das células) e prostatite (infecção da próstata, geralmente bacteriana).
Fatores de risco
Como visto, a idade é um dos principais fatores de risco. Com o aumento da próstata com o passar dos anos, as chances do desenvolvimento desregular das células também crescem. Além de a incidência ser maior, a mortalidade também aumenta a partir dos 50 anos.
Outras condições de risco são:
- Exposição a aminas aromáticas (usadas nas indústrias química, mecânica e de de alumínio), arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas;
- Histórico familiar: um indivíduo com pai ou irmão com câncer de próstata antes do 60 tem mais chances de desenvolvê-lo. No entanto, essa chance pode ser tanto por hereditariedade quanto por um histórico de hábitos ruins, como alimentação;
- Gordura corporal: quando em excesso, aumenta as chances de desenvolvimento de câncer em estágio avançado;
- Alterações genéticas: mutações dos genes BRCA-1 e, principalente, do BRCA-2 podem aumentar o risco de câncer de próstata em alguns homens. Além diso, quem sofre síndrome de Lynch tem um risco aumentado para uma série de cânceres, incluindo o de próstata.
Exames
O diagnóstico precoce costuma ser feito com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença genética. Existe também o rastreamento, que é o exame periódico de pacientes sem sinais e sintomas, mas pertencentes a grupos de risco. Esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).
Tipos de cirurgia para câncer de próstata
O câncer de próstata é identificado com a combinação dos exames de toque retal e dosagem do PSA. No entanto, apenas a biópsia é capaz de confirmar esse diagnóstico.
Prostatectomia radical convencional (aberta) de próstata
Nesta técnica, o médico faz uma incisão na pele abaixo do umbigo até a região do púbis com intuito de retirar próstata, vesícula seminal, linfonodos pélvicos e reconstruir o trato urinário inferior. A cirurgia é feita, na maioria dos casos, com anestesia geral, demora em média 2 horas e, geralmente, é necessário ficar internado por cerca de 3 dias.
Prostatectomia radical laparoscópica
Nesta abordagem, o urologista faz pequenas incisões de até 1 cm por meio da parede abdominal para ter acesso à próstata. O tratamento tem a mesma finalidade da cirurgia convencional, mas com menor taxa de sangramento, redução do uso de analgésicos no pós-operatório, melhor resultado estético e alta hospitalar precoce.
Prostatectomia radical robótica
É uma evolução da cirurgia videolaparoscópica, na qual os cirurgiões comandam o procedimento cirúrgico por meio de uma tela de alta definição e controles específicos. A utilização do sistema robótico proporciona o uso de instrumentos articulados com amplitude de movimentos (maior que a própria mão humana), filtragem de tremor, imagem magnificada e tridimensional, controle da câmera pela cirurgião e melhor ergonomia.
Todo esse ganho proporciona ao paciente menor taxa de sangramento, menor quantidade de analgésicos, alta hospitalar precoce, retirada precoce da sonda vesical e melhores taxas de continência e potência.
Prolaris: teste genético que permite avaliar a agressividade do câncer de próstata
Para quem já foi diagnosticado com câncer de próstata, o Prolaris é um grande aliado durante o tratamento. Ele permite estimar a chance de recorrência da doença e, com isso, auxilia o direcionamento do tratamento.
Além da estimativa de recorrência, o Prolaris permite avaliar a agressividade do câncer de próstata em um paciente já diagnosticado. Por fim, também fornece informações sobre mortalidade da doença em 10 anos (quando tratado conservadoramente) ou de desenvolvimento de metástase no mesmo período (quando tratado com cirurgia ou radioterapia).
Sua metodologia é a análise de expressão de RNA em 31 genes relacionados ao ciclo celular em tumor de próstata.