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Quimioterapia para o tratamento do câncer de mama e como evitar esse procedimento
Dr. Cristovam Scapulatempo Neto
22 de setembro de 2020
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O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos anos e é composto de várias modalidades, como a cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e imunoterapia. A quimioterapia é uma modalidade de tratamento que tem como principal finalidade matar as células tumorais que não foram retiradas na cirurgia, mas ela só tem benefício em tumores agressivos cujas células se proliferam muito rápido. O problema é que nem sempre conseguimos definir, com base no estudo imuno-histoquímico e com a avaliação histológica, todos os pacientes que terão benefício com a quimioterapia.
É nesse contexto que entra o Endopredict, um teste genômico que associa a expressão de 12 genes do tumor e dados clínicos do paciente, como o tamanho do tumor e se há linfonodos com metástase. Dessa forma, compõe-se um escore, o Endopredict Clinical Score (EPclin). Este escore classifica em ALTO ou BAIXO RISCO de desenvolvimento de metástases os tumores positivos para receptor de estrógeno e negativos para HER-2. Os paciente com tumores com BAIXO risco pelo EPclin podem ser poupados da quimioterapia e realizar apenas terapia endócrina.
Estádios do câncer de mama
O estadiamento do câncer de mama é um sistema que define qual a extensão da doença, sendo informação fundamental para o planejamento do tratamento da paciente. Os fatores considerados para definir o estadiamento de um paciente com câncer de mama são:
O estadiamento do câncer de mama é definido como:
- Estádio I: Tumores ≤ 2cm com linfonodos negativos
- Estádio II: Tumores ≤ 2cm com linfonodos comprometidos ou tumores entre 2 e 5 cm com linfonodos negativos ou comprometidos ou tumores >5cm com linfonodos negativos.
- Estádio III: Tumores ≤ 5cm com linfonodos grosseiramente comprometidos e/ou fixos (imóveis) ou tumores >5cm com linfonodos comprometidos ou tumores que se estendem para a parede torácica e/ou pele com ou sem linfonodos envolvidos ou câncer de mama inflamatório (tipo de câncer que se assemelha a uma inflamação da mama).
- Estádio IV: Metástase em algum órgão à distância (osso, pulmão, fígado etc.)
Como é o tratamento do câncer de mama?
O tratamento do câncer de mama é realizado de acordo com alguns fatores como o estadiamento do tumor, os achados histopatológicos, o perfil imuno-histoquímico e testes genômicos.
Tipos de tratamento para o câncer de mama
O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos anos e pode ser dividido em tratamentos locais e tratamentos sistêmicos.
Tratamentos locais
Como tratamento local, temos duas modalidades:
- Cirurgia: É modalidade fundamental no tratamento da quase totalidade de cânceres de mama. A cirurgia tem a finalidade de retirar o tumor da mama, seja através da retirada de parte da mama ou do órgão inteiro. Ainda durante a cirurgia é realizada a pesquisa do linfonodo sentinela axilar (primeiro linfonodo que pode ser comprometido no caso de uma metástase), que dará ao cirurgião a informação de qual extensão da ressecção dos linfonodos axilares deverá ser realizada.
- Radioterapia: A radioterapia é uma modalidade de tratamento local, onde é aplicada radiação ionizante com a função de matar as células tumorais através da quebra do DNA das células tumorais. A extensão da radioterapia também é definida por múltiplos fatores, podendo ser aplicada somente no leito tumoral (local que ficava o tumor antes), em toda a mama, na axila e nas áreas de drenagem linfonodal extra axilar.
Tratamentos sistêmicos
O tratamento sistêmico tem a finalidade de destruir as células tumorais que por ventura possam estar circulando no corpo, podendo estas estarem em sítios de metástases ainda não detectados. Quando utilizados antes da realização da cirurgia, os tratamentos sistêmicos são denominados “neoadjuvantes”; quando utilizados após a realização da cirurgia, são denominados “adjuvante”. Existem algumas modalidades de tratamento sistêmico que são:
- Quimioterapia citotóxica: Realizado com drogas que tem por função a destruição das células através do bloqueio da divisão celular. Geralmente é utilizada uma combinação de drogas, sendo as principais classes de drogas utilizadas: Antraciclinas (adriamicina e epirubicina), Taxanos (Paclitaxel e docetaxel), 5-fluouracil, ciclofosfamida e carboplatina.
- Terapia alvo: São drogas utilizadas para bloquear alterações moleculares que alguns tumores podem ter, ou seja, não podem ser utilizadas em todos os pacientes.
As principais alterações moleculares que temos drogas disponíveis são: Amplificação do gene HER-2, Mutações no gene PI3KCA e Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. - Imunoterapia: É uma modalidade de tratamento onde são utilizadas drogas que ajudam o sistema imunológico a enxergar o tumor como inimigo e destruí-lo. Até o momento só temos um imunoterápico (Atezolizumabe) aprovado para o tratamento do câncer de mama metastático, triplo negativo e que tenha expressão de PD-L1 em mais de 1% das células tumorais.
Decisão da opção de tratamento
A decisão do tratamento do câncer de mama é complexa e leva em consideração fatores associados ao paciente, como a idade, condições físicas e fatores associados ao tumor, como o grau histológico, tipo molecular, expressão de receptores hormonais, status do oncogene HER-2, estadiamento patológico e alterações moleculares.
Os tumores Her-2 positivos e os tumores triplos negativos, por serem tumores biologicamente mais agressivos, são submetidos a quimioterapia citotóxica.
Os tumores positivos para receptores de estrógeno (ER+) e HER-2 negativos (HER2-) corresponden a cerca de 60% dos tumores mamários e são denominados molecularmente como tumores luminais. Os tumores luminais que tem baixo índice de proliferação são denominados Luminais A, e aqueles com alto índice de proliferação são denominados Luminais B. Os tumores luminais são aqueles que se beneficiam do uso da terapia endócrina, porém aqueles que também se beneficiam da quimioterapia citotóxica são os luminais B. O estudo imuno-histoquímico ajuda nessa definição, mas com exatidão sub-ótima para adequada tomada de decisão.
Nesse contexto o teste genômico ENDOPREDICT consegue estratificar os tumores LUMINAIS em BAIXO e ALTO risco, para adequada tomada de decisão com benefício ou não da quimioterapia. Dos tumores luminais localizados, sem metástase axilar, 60% serão classificados como BAIXO risco, não necessitando de quimioterapia adjuvante. Dos tumores localizados com até 3 linfonodos axilares positivos, até 20% dos casos podem ser classificados como BAIXO RISCO, não necessitando de quimioterapia adjuvante.
Quando é necessário fazer quimioterapia?
A quimioterapia é um tratamento muito importante no controle do câncer de mama, porém tem benefício apenas em tumores agressivos, ou seja, aqueles com maior velocidade de divisão celular. Quando falamos em câncer de mama, temos 4 tipos moleculares principais: o Luminal A, Luminal B, Her-2 positivo e o Triplo negativo. Quando o tumor é triplo negativo ou HER-2 positivo, o tratamento quimioterápico é indicado, pois são tumores mais agressivos. Cerca de 60% dos carcinomas mamários são luminais (HER2- e RE+), e quando possuem determinadas características (tumor em estágio inicial e com no máximo 3 linfonodos axilares positivos), muitas vezes não terão benefício na realização da quimioterapia. A adequada classificação entre luminal A (tumores mais indolentes) e Luminal B (tumores mais agressivos) baseada no estudo imuno-histoquímico é falha, e por isso precisamos de testes moleculares para nos ajudar na tomada de decisão acerca de fazer ou não a quimioterapia.
As informações clinicopatológicas e moleculares irão classificar as pacientes como de alto ou baixo risco. As pacientes com tumores luminais que apresentem alto risco de ter metástase de acordo com o teste molecular (cerca de 30-40%), também são indicadas para o tratamento quimioterápico.
O que é paciente Her2 positivo ou negativo?
A proteína HER2 (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano) é uma proteína que fica na superfície das nossas células e está relacionada com o envio de sinais relacionados à divisão celular. Normalmente temos duas cópias deste gene, que são responsáveis pela produção do número normal deste tipo de proteínas em nossas células.
Nos tumores com amplificação do gene HER2, as células passam a produzir muito mais proteína HER2 que o normal. Se a quantidade desta proteína está maior que um certo nível, dizemos que a paciente é HER2 positivo; se a quantidade da proteína é normal, dizemos que a paciente é HER negativo. A presença aumentada destas proteínas na superfície celular implica em mais sinais para que a célula se divida, fazendo com que a célula se duplique de maneira descontrolada.
Existe tratamento personalizado para câncer de mama sem quimioterapia?
Sim, pacientes com tumores luminais com teste genômico indicando baixo risco de desenvolvimento de metástase podem ser tratadas apenas com terapia hormonal, podendo abrir mão, de maneira segura, da quimioterapia
Endopredict: o que é o exame de prognóstico para o câncer de mama?
O exame prognóstico Endopredict avalia o risco de desenvolvimento de metástase, de tumores luminais, em até 15 anos, através da avaliação de expressão de genes relacionados com a biologia tumoral, junto a fatores clínico/patológicos.
Caso o risco de metástase da paciente seja menor que 10%, ela será considerada de baixo risco e poderá, de maneira segura, deixar de receber a quimioterapia.
Como é feito o endopredict?
1 – Após a cirurgia, o tumor é enviado para um laboratório de patologia, que irá avaliar uma série de características deste tumor
2 – Caso as características estejam dentro do padrão necessário para o teste (tumor primário, estágio inicial, RE+, HER2-, até 3 linfonodos positivos), e caso o médico ache necessário, o teste Endopredict é solicitado.
3 – A Dasa Genômica receberá os blocos de parafina, as lâminas e os laudos e seu time de patologistas vai confirmar os achados e selecionar o bloco com maior quantidade de células tumorais para confecção de 7 a 10 cortes de 10 micra de espessura que serão enviados para a realização do teste.
4 – O RNA é extraído e a expressão de 12 genes é avaliada através da técnica de Real Time RT-PCR sendo gerado um escore molecular (EPscore).
6 – Um escore é determinado, com base nessa análise molecular e em conjunto com fatores clínicos patológicos (EPclin).
Resultados
O resultado responde se a paciente é de baixo ou alto risco, facilitando a leitura do médico e da paciente para tomada de decisão.
Além disso, no laudo consta outras informações muito importantes para a tomada de decisão como para decidir se há necessidade de estender a terapia hormonal, e qual o benefício absoluto que a paciente pode ter com o tratamento quimioterápico.
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A Dasa Genômica é especializada em medicina de precisão. Utilizamos recursos tecnológicos de ponta e de última geração para permitir o diagnóstico assertivo. Os exames são realizados por uma equipe integrada, formada por médicos geneticistas, bioinformatas, especialistas em biologia molecular e citogenética.
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